De Santiago – Dunga teve coerência até anunciar a lista de convocados para a Copa América, goste-se ou não desse ou daquele jogador.
Num primeiro momento, ele chamou apenas aqueles que já havia convocado alguma vez nesta segunda passagem, mesmo perdendo um titular importante como Oscar, lesionado — substituído por Evérton Ribeiro.
A coerência parou por aí. Dunga começou a perder outros titulares, machucados, e convocou atleta que jamais havia jogado nem mesmo na seleção olímpica (sub-23), caso de Geferson, 21, do Inter, que encantou o técnico em um jogo do Brasileiro que ele foi ver no Beira-Rio, praticamente sua segunda casa — Dunga iniciou a carreira de jogador, e foi técnico depois, do Inter.
Quando perdeu Luiz Gustavo, seu “cão de guarda”, Dunga ousou ao chamar outro jovem atleta, Fred, 22 anos, que joga de volante, mas tem mais características de meia (e está longe de ser um volantão marcador, como Dunga era).
Algo que num primeiro momento pareceu bom, mas agora, durante a Copa América, mostra que deixou um buraco no elenco, já que há quatro volantes, nenhum para jogar à frente da zaga, com eficiência.
E quando Danilo machucou o tornozelo no amistoso contra o México? Fabinho, 21, mais um com idade olímpica (vale lembrar que Dunga assumiu em maio o comando dessa equipe, que em 2016 tentará o ouro inédito nos Jogos do Rio), era a opção. Muito elogiado pelo técnico pela postura e por já ter jogado “Champions”, hoje continua reserva.
Dunga optou por convocar, pela primeira vez nessa passagem, Daniel Alves, que estava quase desempregado e sem esperança de voltar à seleção aos 32 anos (em três dias renovou com o Barcelona e voou para o Chile para jogar a Copa América).
E voou para ser o titular, deixando Fabinho, teoricamente o reserva imediato de Danilo, no banco.
A montagem do time também teve momentos em que Dunga fez algo diferente do que projetava no início do trabalho.
Sem Oscar, Dunga preparava o time com Philippe Coutinho como opção. Fez amistosos com ele, mas o jogador do Liverpool sentiu a coxa no jogo contra Honduras, em Porto Alegre.
Ficou fora da estreia contra o Peru, mas estava pronto para encarar a Colômbia. Dunga, porém, decidiu permanecer com Fred, que o havia substituído razoavelmente em Temuco.
“Não adianta mudar tudo quando algo não dá certo. É como na sua empresa, se cair a audiência, não vão mandar todo mundo embora”, disse Dunga, na véspera de enfrentar a Colômbia, na quarta (17).
Ele não mandou todo mundo embora no dia seguinte depois da fraca atuação nos 2 a 1 contra o Peru, mas sacou seu zagueiro e seu centroavante. David Luiz deu lugar a Thiago Silva, e Diego Tardelli saiu para entrar Firmino. David era um dos homens de confiança de Dunga, tanto que foi o capitão quando Neymar não enfrentou o México e ficou no banco contra Honduras.
O próximo capítulo é ver como Dunga vai substituir Neymar.