De São Paulo – José Maria Marin adora Alexandre Gallo.
O trabalho do coordenador das categorias de base é tão bem avaliado pela cúpula da CBF que ele é o escolhido para ser o treinador da seleção sub-23 que tentará o inédito ouro nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.
Para Marin e Marco Polo Del Nero, o presidente eleito que só assume em 2015, um dos erros de gestão deles depois que assumiram o poder em março de 2012, com a queda de Ricardo Teixeira, foi ter deixado Mano Menezes, o técnico da seleção principal, como comandante dos olímpicos em Londres.
Tirar Ney Franco, que na avaliação fazia um bom trabalho na base, foi ruim primeiro porque expôs Menezes à pressão do ouro olímpico, que novamente não foi conquistado, e em segundo porque irritou Franco, que pediu as contas e foi treinar o São Paulo.
Gallo, portanto, tiraria o peso do treinador da seleção principal se desgastando na campanha olímpica, deixando o escolhido exclusivo na preparação para a classificação e campanha na Copa do Mundo de 2018.
Certo? Quase.
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Antes da Copa, em lua de mel com Felipão, a dupla que comanda a CBF sonhava em mantê-lo no cargo. Não era uma utopia, principalmente se ganhasse o torneio em casa. Mas mesmo se perdesse com dignidade, para eles não havia opção melhor do que Felipão, até porque os nomes de treinadores brasileiros no mercado não agradam (ainda) a cúpula.
Não houve dignidade na eliminação do Brasil. A seleção teve suas duas piores derrotas na história das Copas nos dois últimos jogos. Os 7 a 1 contra a Alemanha é a pior derrota da história, e os 3 a 0 frente a Holanda igualou os 3 a 0 ante a França, em 1998, que até 2014 era a derrota amarga do futebol brasileiro em Mundiais.
Entrevistas em que o treinador não admitiu falhas, e exaltou atuações, serviram para que os cartolas decidissem por sua saída.
Del Nero recebeu sugestões para avaliar um técnico estrangeiro, mas as primeiras sondagens não foram positivas e, neste momento, a procura é por um técnico brasileiro mesmo.
Que interinamente, inicialmente, pode até ser Gallo.
O Brasil volta a jogar em setembro, dias 5 e 9 contra Colômbia e Equador, nos EUA. A convocação é no final de agosto. É mais de um mês para poder fechar um nome e Del Nero quer escolher com calma.
Se até lá não tiver um nome, quem fará essa primeira convocação deve ser Gallo. Ele teve experiência em times de grande torcida, como Santos, Inter e Atlético-MG, mas antes de ir para a CBF, no início de 2013, amargava passagens por times de médio porte e pelo futebol árabe.
O problema de ter interino, em qualquer área, é que se ele vence no início, você o mantém até o limite. E perde tempo de trabalho. Se ele não rende, você também já terá perdido alguns meses de trabalho. Não há vantagem nisso.
Gallo é cartola e treinador ao mesmo tempo na base brasileira e dirigiu o time sub-20 no torneio de Toulon (Crédito: Claude Paris/Associated Press)