De São Paulo – Carlos Alberto Parreira avisa que não falará sobre a convocação para a Copa do Mundo e sobre possíveis nomes que serão chamados por Luiz Felipe Scolari em 7 de maio.
Mas na conversa com o blog após um evento de um dos patrocinadores da CBF, em Londres, o coordenador técnico da seleção citou dez jogadores sobre diversos assuntos relacionados ao que o Brasil poderá fazer no Mundial.
Júlio César, Daniel Alves, Marcelo, David Luiz, Thiago Silva, Bernard, Oscar, Hulk, Ramires e, claro, Neymar. Paulinho não foi citado na entrevista, mas participou do mesmo evento que Parreira e recebeu dele um abraço e um “nos vemos maio”.
Conforme matéria publicada na Folha, são esses 11 atletas e mais oito que já podem se dizer na Copa do Mundo. Restam quatro vagas e uma delas ficou mais clara durante a entrevista.
Vale prestar atenção quando o blog perguntou sobre o lateral-direito Maicon. O tema era jogadores que já disputaram Copas e a importância que teriam em um grupo inexperiente como o que Felipão levará. Maicon jogou, como titular, a Copa de 2010.
Parreira num primeiro momento ficou em silêncio, depois se ajeitou na cadeira, desconfortável, e finalmente disse “se Maicon for convocado”. Esse “se” mostra que o teste de Rafinha no amistoso contra a África do Sul, dia 5 de março, foi mais que um teste (leia mais aqui). A aposta do blog hoje: Maicon estará fora da lista.
Leia a entrevista:
Blog: A seleção brasileira terá uma equipe jovem, principalmente do meio para frente, e com poucos jogadores [de quatro a cinco no total] que já disputaram uma Copa. Isso preocupa?
Carlos Alberto Parreira: Olha, isso é uma preocupação que poderia ter peso muito maior, mas são jogadores muito experientes, mesmo jovens. O Neymar [22 anos na Copa] está no primeiro ano na Europa, mas antes da Europa foi três vezes campeão paulista pelo Santos, foi campeão da Libertadores e jogou Mundial de Clubes, sem contar a Copa das Confederações com a seleção. E agora com essa experiencia no futebol europeu, jogando no Barcelona, um dos melhores times do mundo, ele vai crescer muito. Ele vai se ajustar bem a isso [estreia em Copa].
O Oscar terá responsabilidade de ser o cérebro da equipe e também é bastante jovem.
O Oscar [22 na Copa] joga no Chelsea, outro grande time, joga em alto nível todo final de semana, um dos jogadores mais importantes da equipe, joga Champions. Apesar dessa juventude, eles vão reagir bem a esse desafio de jogar a Copa em casa.
Mas não é importante ter jogadores que possam liderar esses garotos, que já tenham participado de uma Copa do Mundo?
Nós temos, vamos lá, me ajuda. O Júlio César [duas Copas], o Ramires [uma Copa], o Thiago Silva [uma Copa], são três jogadores quer estiveram em uma Copa do Mundo. Tem o Daniel [Alves, uma Copa]. Então você vê que há jogadores que já estiveram em uma Copa.
Tem o Maicon?
[silêncio] Se o Maicon for convocado são cinco jogadores. Se não tivesse ninguém dava para assustar. E o Thiago [Silva] é um líder fabuloso, cabeça ótima, todo mundo o respeita, quando ele fala tudo é com bom senso, com inteligência, coisas apropriadas e chega no campo é um monstro.
[Nota do blog: Júlio César, Thiago Silva, Daniel Alves, Ramires e Fred deverão ser os experientes em Copa convocados por Felipão dia 7 de maio].
Alguns titulares em potencial, como Paulinho no Tottenham, por exemplo, estão na reserva ou revezando com outros atletas nas equipes titulares. Preocupa a comissão técnica que jogadores importantes cheguem à Copa sem ritmo de jogo?
Outro dia me perguntaram isso, quando o Neymar se machucou. Ótimo, eu disse, vai descansar um mês. Imagina o time que chegar à final da Champions, dia 24 de maio, como esses jogadores vão chegar à Copa [a apresentação da seleção será dia 26 de maio]. É complicado para o treinador. David Luiz não está jogando, o Mourinho [técnico do Chelsea] não te colocou, não fica chateado não, descansa para a Copa. Não pode é ficar três meses sem jogar.
Mas no caso do Júlio César preocupava ele estar parado até pela posição, goleiro, que precisa estar em atividade o tempo todo?
Conversamos sério com o Júlio e dissemos: você tem que arrumar um time para jogar. Não sei qual seria a decisão se ele ficasse seis meses sem jogar, ia ser muito complicado [convocá-lo para a Copa]. Ele está jogando numa liga com nível não tão elevado [a MLS, dos EUA, no Toronto FC], mas é competitiva e ele está treinando todo dia, o que é o mais importante. Ele entra em forma com muita facilidade.
A seleção brasileira terá como base Teresópolis, na região serrana do Rio que pode ter temperaturas abaixo dos 10 graus celsius entre junho e julho, e jogará em cidades quentes como Fortaleza e Brasília. Terá uma preparação especial para evitar que essa mudança climática prejudique fisicamente os atletas?
Os jogadores brasileiros estão acostumados a jogar na Europa no inverno e no Brasil no verão. Teresópolis vai ser um lugar mágico, com conforto, segurança, privacidade, funcionalidade, a concentração ficou muito boa, igual às melhores do mundo. O clima do Brasil um pouco quente favorece o futebol mais técnico e o que o europeu mais teme é o calor. Eles jogam com neve, com chuva, mas temem o calor, se tiver um pouco mais de calor teremos vantagem.
É mais fácil trabalhar com um time recheado de estrelas, como em 2006, ou um time mais jovem, como em 2014. Na Copa de 2006 as estrelas não deram certo.
Não deu certo, eu concordo, o que marca é a Copa, Mas ganhamos a Copa América [2004], a Copa das Confederações [2005]… É bom ter estrelas, mas temos grandes jogadores nesse elenco atual. Thiago Silva, Marcelo, Oscar são ótimos jogadores. Neymar é um fora de série, o Bernard e o Hulk são grandes jogadores. O nível técnico da seleção é muito bom, o importante é a vontade que eles têm de serem campeões, a vontade desse grupo é muito grande.
O senhor acha que as estruturas dos estádios que estão atrasados poderão ser um problema para a Copa do Mundo?
O que não está pronto é o Itaquerão [em São Paulo], vi que parece que acertaram quem vai pagar as estruturas temporárias. O Beira-Rio [Porto Alegre] tem algumas coisinhas de nada e dizem que está maravilhoso, tem o de Cuiabá ficando pronto. Acho que em 70 dias vai se ajeitar tudo. Dentro de campo vai ser uma Copa extraordinária, fora não é problema nosso [da seleção brasileira].
Felipão e Parreira conversam durante último amistoso da seleção, em março, na África do Sul (Crédito: Org Stringer/EFE)