O medo de pela primeira vez ficar fora de uma Copa do Mundo
28/06/15 12:53De Concepción – A segunda pergunta que todos os jogadores da seleção mais ouviram após a derrota nos pênaltis para o Paraguai, no sábado à noite, foi se o Brasil corre o risco de pela primeira vez ficar fora de uma Copa do Mundo (a primeira foi se a virose realmente atrapalhou a atuação do time).
Desde julho de 2014, quando o Brasil foi massacrado por Alemanha e Holanda na reta final da Copa, e como postado no blog em janeiro, a CBF e a nova comissão técnica da seleção liderada por Gilmar Rinaldi e Dunga avaliam que a próxima eliminatória, para a Copa-2018, na Rússia, será a mais difícil da história.
Motivos não faltavam (e não faltam): a boa campanha dos sul-americanos na Copa-2014, na época a possibilidade da perda de uma vaga no Mundial para a América do Sul (que não foi confirmada, se mantém quatro diretas e uma via repescagem) e, claro, o fraco desempenho do Brasil em campo.
Dunga foi contratado por “entender o espírito da seleção brasileira, para devolver aos jogadores a vontade de defender essa camisa”. Foram mais ou menos essas palavras que o então presidente da CBF José Maria Marin usou para explicar a opção pelo técnico. O recado era: nas eliminatórias, vale mais a garra do que a técnica ou tática.
A Copa América mostrou que não é bem assim. Na tática e na técnica, principalmente quando Neymar está fora, o Brasil se equipara a times médios do continente, como Paraguai e até Peru e Venezuela. Contra a Colômbia, o Brasil foi dominado na derrota por 1 a 0, e Neymar estava em campo.
Mas mesmo a garra que poderia fazer a diferença, acabou se transformando em nervosismo. Exemplos são Neymar xingando o árbitro na porta do vestiário e jogadores batendo boca com adversários após provocações que são costumeiras na América do Sul.
No classificatório para a Copa, com nove jogos como visitante, em estádios muitas vezes acanhados, com altitude, a pressão e provocação serão ainda maiores.
Para piorar, a CBF politicamente está enfraquecida na Conmebol, depois da volta de Marco Polo Del Nero ao Brasil, em maio, antes da eleição para presidente da Fifa, em meio às prisões de cartolas da entidade (entre eles seu aliado Marin). O Brasil também não seguiu a indicação de voto em bloco da confederação sul-americana na oposição a Joseph Blatter para presidir a entidade mundial.
Para piorar ainda mais um pouco, Neymar está suspenso para as duas primeiras partidas da eliminatória, em outubro, ainda cumprindo a pena por ter xingado o árbitro chileno Enrique Osses.
Mesmo assim, com todo esse cenário negativo, nenhum jogador admitiu que o Brasil pode pela primeira vez ficar fora de uma Copa. Otimismo ainda é palavra de ordem no time de Dunga.