CBF não quis Neymar em julgamento porque, incrível, é melhor vê-lo longe
22/06/15 09:04De Santiago – A CBF teve a informação de que Guillermo Saltos, o presidente da Câmara de Apelações da Conmebol que, sozinho, decidiria o futuro de Neymar da Copa América, não diminuiria a pena do camisa 10 da seleção.
Quatro jogos suspenso por ter brigado com colombianos apóhttps://blogdaselecao.blogfolha.uol.com.br/wp-admin/post-new.phps o jogo de quarta (17) e xingado o árbitro chileno Enrique Osses, que o havia expulsado, Neymar cumpriu um contra a Venezuela, neste domingo (21), mas teria que ficar de fora mais três, ou seja, o restante da Copa América.
Em decisão coerente da comissão técnica da seleção, não ficará com o grupo no restante da competição e já está de férias.
Há, porém, questões a serem abordadas com relação a esse caso em outras esferas da CBF: o jurídico e o político.
Pelo menos dois especialistas em direito desportivo com boa entrada na Fifa, ouvidos pelo blog, disseram que a CBF errou ao não pedir uma audiência e colocar Neymar para se defender.
A teoria é a seguinte: imagine Neymar frente a frente com o senhor Saltos, um equatoriano septuagenário que adora futebol. Humilde, Neymar pediria desculpa, admitiria o(s) erro(s) e lembraria que vive um momento conturbado com a investigação de que houve fraude em sua venda ao Barcelona.
Audiência não é a praxe em julgamentos da Conmebol, diferentemente, por exemplo, do que é feito no Brasil em decisões do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva). Mas está previsto no códigodisciplinar, e como Saltos está no Chile justamente para julgar casos em que fosse necessário, por que não colocá-lo frente a frente com Neymar?
Saltos poderia diminuir a pena para três jogos, o que deixaria o craque a postos para uma eventual final.
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A avaliação do jurídico da CBF, e de sua direção, foi que não valeria o desgaste e a exposição de Neymar para jogar uma partida que talvez nem aconteça (se o Brasil cair antes).
O jogador ficaria apenas treinando por 10 dias, e sendo os holofotes, desviando a atenção do restante do grupo. Por incrível que pareça, para a seleção, neste momento, quanto mais Neymar estiver longe, melhor.
O ponto político é outro. Marco Polo Del Nero está rachado com a cúpula da Conmebol desde que abandonou Zurique e voltou ao Brasil, no fim de maio, antes da eleição para presidente da Fifa.
A cúpula da entidade sul-americana se irritou por dois motivos: primeiro por ele ter voltado em meio às prisões de dirigentes da Conmebol, como José Maria Marin, ex-presidente da CBF e vice de Del Nero (agora afastado).
Segundo por ter orientado seus emissários a votar na reeleição de Joseph Blatter, e não no oposicionista Ali al Bin-Hussein. A Conmebol, tradicionalmente, vota em bloco, mas desta vez o Brasil não seguiu as ordens do presidente Juan Ángel Napout.
Pessoas próximas a Neymar têm certeza que a pena dura do jogador foi um contragolpe da Conmebol na CBF.