Del Nero impõe estilo menos boleiro à CBF e obsessão é o ouro olímpico
22/04/15 16:01De São Paulo – José Maria Marin foi jogador de futebol entre 1949 e 1954, sem muito sucesso. Mas o lado boleiro o fazia discutir com desenvoltura sobre tática e jogadores convocados com os convidados à sede da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Por esse motivo, pedia que os treinadores da seleção brasileira enviassem a ele, com dois dias de antecedência, a lista dos jogadores que seriam convocados para amistosos ou torneios oficiais. Queria saber de cor o nome dos atletas caso fosse perguntado sobre o desempenho desse ou daquele atleta – para sua frustração, nunca era questionado a respeito disso.
Marco Polo Del Nero, que assumiu a cadeira de principal dirigente esportivo do país na quinta-feira passada (16), nunca jogou futebol profissionalmente. E seu conhecimento técnico e tático de futebol é restrito – teve curta experiência como diretor de futebol do Palmeiras, portanto pouco precisou contratar treinadores ou jogadores.
Ficou famoso o áudio captado pelos canais “ESPN” de Marco Polo, já presidente eleito da CBF, perguntando ao coordenador de seleções, Gilmar Rinaldi, sobre as novidades da convocação de Dunga para os amistosos de outubro de 2014. Não sabia, por exemplo, que Mário Fernandes era lateral direito, não esquerdo, ou a idade dele e de Dôdo, as novidades para aqueles jogos na Ásia – sorriu ao saber que eram jovens talentos.
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O estilo de Del Nero não vai diminuir a cobrança sobre Dunga, mas cria uma nova relação do presidente da CBF com os membros da diretoria e comissão técnica das seleções.
Sai o boleiro Marin, e entra um Del Nero que mesmo quando criticou a derrota de 7 a 1 para a Alemanha, na semifinal da Copa do Mundo de 2014, o fez mais mirando o estilo de conduta do treinador Luiz Felipe Scolari do que as opções técnicas e táticas do treinador.
Somente dois presidentes da CBF (antiga CBD) foram campeões do mundo: João Havelange, em 1958, 1962 e 1970, e Ricardo Teixeira, em 1994 e 2002. Del Nero pode se juntar a eles nos próximos anos, mas sonha mesmo em ser o presidente que deu ao Brasil um título inédito: o ouro olímpico.
Além disso, pode também ser o cartola que venceu um torneio mundial dentro de casa. Até hoje, o Brasil fracassou nas Copas de 1950 e 2014 e a Olimpíada de 2016 será no Rio [com jogos de futebol em Belo Horizonte, Salvador, Manaus, Brasília e, talvez, São Paulo].
Por esse motivo bancou a permanência de Alexandre Gallo no comando da seleção olímpica – acha que é preciso treinar a equipe com antecedência, mesmo que não seja Gallo o técnico durante o torneio.
Só não pode se esquecer que no fracasso de 2014, com a pior derrota da história da seleção brasileira, ele já era o presidente eleito, e quem mandava de fato na CBF.