Por que Alexandre Gallo deve perder o comando da categoria de base da CBF
11/02/15 09:22De São Paulo – Alexandre Gallo foi contratado em janeiro de 2013 para ser o técnico da seleção brasileira sub-20.
Naquele mês, o Brasil teve um desempenho horrível no Sul-Americano da categoria e o treinador Emerson Ávila foi demitido depois de o time nem passar para o hexagonal decisivo do torneio.
Um vexame que rendeu a não classificação para o Mundial, aquele ano disputado na Colômbia.
Inicialmente, Gallo seria apenas o treinador de uma geração que três anos depois teria a idade para disputar os Jogos Olímpicos, em casa. Um projeto apresentado por ele ao vice-presidente da CBF, e hoje presidente eleito, Marco Polo Del Nero visava preparar esses jovens até 2016.
Outras ideias de Gallo agradaram a Del Nero, como a criação de novos campeonatos para a base, organizados pela CBF, e mudanças na legislação para que garotos com menos de 14 anos possam ter vínculos com os clubes.
Leia mais sobre o projeto de Alexandre Gallo
Gallo se tornou, além de técnico do sub-20, o coordenador de toda a base da CBF – cargo que inicialmente seria oferecido ao ex-atacante Bebeto, parceiro de Romário na Copa de 1994.
O fracasso na Copa de 2014, que teve o ápice na derrota de 7 a 1 para a Alemanha na semifinal, fez com que o ouro olímpico, único título que o Brasil não tem no futebol, se tornasse prioridade para Marco Polo Del Nero. Afinal, ele estará no poder daqui um ano e meio e ficará marcado para sempre como o presidente do título olímpico, se ele vier.
Com Felipão fora da seleção principal, Dunga foi contratado após sugestão do novo coordenador de seleções, Gilmar Rinaldi. E algo que estava sendo desenhado desde o início de 2014 foi confirmado: Gallo será o técnico na Olimpíada.
No discurso oficial, significa que Dunga se preocupará apenas em classificar a seleção principal para a Copa da Rússia, em 2018. E não será pressionado em caso de fracasso nos Jogos do Rio, como Mano Menezes foi em 2012 após perder a final da Olimpíada para o México, em Londres. Ele treinava o time principal e o sub-23.
Gallo, ao mesmo tempo em que Dunga convoca os craques da seleção, trabalha com um time olímpico, com jogadores que, em 2015, são sub-22.
O problema é que chegará um momento em que os trabalhos de Dunga e Gallo entrarão em conflito. Em conversas informais, Gallo já dizia que gostaria de ter Neymar e os outros dois jogadores acima de 23 anos que poderá chamar em 2016, em alguns amistosos antes disso.
É necessário que seja em data-Fifa, e Dunga não pretende liberar Neymar da seleção principal em nenhum destas datas, até porque em outubro começam as Eliminatórias.
A má atuação da seleção brasileira sub-20 no Sul-Americano da categoria em janeiro, no Uruguai, escancarou algo que estava sendo trabalhado nos bastidores da CBF: Rinaldi percebeu que Gallo era o chefe dele mesmo. Coordenando a base, ele jamais demitiria a si mesmo, o técnico do sub-20 e do time sub-23.
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Em breve, a CBF deve anunciar um novo coordenador de base, informação divulgada inicialmente pelo portal UOL. Como publicado na coluna Painel FC,, Erasmo Damiani, do departamento de base do Palmeiras, foi sondado pela CBF.
A situação fará com que o Mundial sub-20, entre maio e junho deste ano, seja fundamental para Gallo. Se o Brasil for mal novamente, poderá ter pressão interna para que ele saia, a um ano da Olimpíada.
O que faria com que Dunga se tornasse o nome natural para dirigir o time olímpico em 2016.