Negócio da China deve mudar a escalação da seleção brasileira
20/01/15 09:25De São Paulo – Um dos argumentos da cúpula da CBF para recontratar Dunga era o de formar a seleção com atletas que quisessem estar na seleção.
Um dos pré-requisitos, portanto, para jogar no Brasil é priorizar o time da CBF, mesmo se você for reserva e, em uma necessidade, atuar fora de posição – como o zagueiro corintiano Gil, que estreou na seleção jogando dois minutos, de lateral, e foi muito elogiado por Dunga por entrar em campo com um sorriso de orelha a orelha apesar da adversidade.
A próxima convocação de Dunga, no início de março para o amistoso contra a França, no final do mesmo mês, vai mostrar se sair do Brasil para ficar milionário na China faz com que o jogador deixe de priorizar a seleção.
Diego Tardelli foi vendido pelo Atlético-MG para jogar no Shandong Luneng, clube da China que tem contratado a rodo principalmente brasileiros. Estima-se que Tardelli vá ganhar R$ 1 milhão por mês, valor que não receberia nem se jogasse em grande clube europeu.
Tardelli foi o titular de Dunga nos quatro primeiros amistosos, em setembro contra Colômbia e Equador, e outubro, contra Argentina e Japão.
Só não foi em novembro, frente Turquia e Áustria, porque Dunga foi proibido pela CBF de chamar atletas que atuavam no Brasil, já que acontecia naquele momento a reta final das principais competições.
Tardelli, assim como Ricardo Goulart, que esteve nas duas primeiras convocações e também jogará na China (no Guangzhou Evergrande), podem ter aberto mão de atuar pela seleção ao aceitar ganhar milhões.
O problema, nesse caso, é muito mais jogar em um nível técnico baixo do que desaparecer. No mundo globalizado de hoje, é muito fácil ver um jogo em qualquer lugar do mundo, só que o futebol chinês apesar de ter dinheiro e conseguir contratar alguns bons jogadores ainda engatinha em organização e qualidade dos times.
O Luneng está fazendo uma excursão pelo Brasil. No sábado, enfrentou o Palmeiras, também em início de temporada, no Allianz Parque. Um dos craques do time chinês é Aloisio, o Boi Bandido, ex-São Paulo.
O que chamou a atenção na partida não foram suas tentativas frustradas de gol por cobertura ou passe de letra, mas o quanto ele está fora de forma. Se jogasse no Brasil ou num mercado maior, voltaria das férias assim?
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Luiz Adriano, do Shakhtar Donetsk, foi o titular da seleção no lugar de Tardelli nos amistosos de novembro e também agradou. A pergunta pode ser: qual a diferença entre Ucrânia e China?
Alguns anos atrás, realmente, ir para o futebol ucraniano era igualzinho ir para a China hoje. O nível técnico era fraquíssimo, o que limitava chamar um atleta desse país para disputar uma competição importante pela seleção.
Hoje mudou porque o Shakhtar Donetsk, por exemplo, o mais forte da Ucrânia, joga a Liga dos Campeões contra os melhores e é um grande fornecedor de atletas para os poderosos da Europa, veja Willian no Chelsea e Fernandinho no Manchester City.
A China pode até chegar um dia lá, mas alguém vê hoje Tardelli deixando o Luneng e indo para a Inglaterra? Provavelmente nem Dunga.