Dunga inicia queda de braço com quem organiza os jogos da seleção
13/10/14 12:35De Brasília – Primeiro Dunga reclamou do fuso horário de jogar em Pequim, que deixava seus jogadores cansados.
Agora a reclamação foi com o gramado do Estádio Nacional de Cingapura, que nesta terça (14) recebe o amistoso da seleção contra o Japão. Sobre gramado, aliás, Dunga e jogadores já tinham reclamado da situação do campo na China, apesar da vitória de 2 a 0 sobre a Argentina no sábado (11).
Dunga, discretamente, inicia uma queda de braço com as empresas que organizam os jogos da Seleção. Para quem não sabe, não é a CBF que define rivais e locais de jogos de sua seleção principal.
A empresa árabe ISE tem um contrato até 2022 para organizar as partidas do Brasil, e terceiriza essa função para os ingleses do marketing esportivo da Pitch International, que efetivamente define os adversários e onde se jogará.
Sobre adversários a CBF palpita, e algumas vezes é ouvida. Foi solicitado antes até da Copa-2014, por exemplo, enfrentar rivais sul-americanos com mais frequência nesses próximos meses, para iniciar conhecimento sobre os confrontos que a seleção de Dunga terá nas Eliminatórias para a Copa-2018, a partir de outubro de 2015.
A Pitch marcou então jogos contra Colômbia, Equador e Argentina.
Já sobre onde acontecem os jogos, a decisão é totalmente voltada ao marketing. Normalmente a Pitch vende o jogo para empresas, que pagam, em média, R$ 3 milhões para ter o Brasil, e faturam em cima da receita que a partida gera: valores de publicidade, ingressos, entre outros.
Se a Pitch consegue vender o jogo para uma empresa que tem a Ásia como foco naquele momento, é na China e em Cingapura que o Brasil jogará. Não importa se o Ninho de Pássaro não recebe uma partida de futebol há séculos ou se o Nacional de Cingapura parece um pasto.
O que pode ajudar Dunga é que quando começarem as Eliminatórias ele sabe que em 18 jogos a seleção atuará nove deles no Brasil, onde quiser, e outros nove pela América do Sul, em campos conhecidos. Já os amistosos continuarão a ser marcados sem o seu pitaco, por mais que reclame.
IMPRENSA
Dunga teve seu primeiro embate com jornalistas desde que reassumiu o comando técnico da seleção.
Ele questionou pergunta de um repórter da TV Globo sobre o gesto que fez para um membro da comissão técnica da Argentina, no jogo de sábado (11) – leia detalhes aqui.
Em entrevista à Folha durante os jogos nos EUA de setembro, o coordenador de seleções, Gilmar Rinaldi, disse que na conversa para contratar o treinador o tema bom relacionamento com a imprensa foi abordado e que Dunga demonstrou amadurecimento depois de problemas na primeira passagem, até com bate-boca em coletiva na Copa-2010.
A reação em Cingapura pode fazer com que uma nova conversa a respeito seja necessária entre a cúpula da entidade e o treinador.