Brasil de Dunga se espelha na Alemanha campeã do mundo
22/08/14 14:34De São Paulo – A seleção brasileira de Dunga terá a atual campeã mundial Alemanha como espelho nesse início de trabalho.
Pode ter parecido estranho Dunga ter colocado em sua primeira lista de convocados dez jogadores, quase metade do elenco de 22, que disputaram a Copa do Mundo de 2014. Mais estranho ainda que oito dos dez estiveram em campo na derrota de 7 a 1 para a Alemanha, na semifinal, a maior derrota já sofrida pelo Brasil em 100 anos de história.
Mas manter a base, ou melhor, começar o trabalho em cima de uma base é o primeiro aprendizado que os alemãs podem passar.
O time campeão do mundo há pouco mais de um mês está sendo montado desde 2004, quando a Alemanha fracassou no Europeu sendo eliminado ainda na fase de grupos do torneio disputado em Portugal.
A cada ciclo, seja para Europeu ou Mundial, os alemães fazem ajustes em cima da base.
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É improvável que os dez remanescentes de 21014 convocados por Dunga, que poderiam ser 11 se Thiago Silva não estivesse machucado, cheguem até 2018, na Copa da Rússia.
Mas Dunga quer iniciar a montagem de seu time com uma base sólida, para aos poucos mudar peças e fazer ajustes. Como a Alemanha tem trabalhado.
O Brasil jogará contra Colômbia, dia 5 de setembro, em Miami, e Equador, dia 9 do mesmo mês, em Nova Jersey, no início da nova era Dunga.
É provável que contra os colombianos, o time base seja bem próximo do que Luiz Felipe Scolari escalou na Copa. Contra o Equador já deve mudar um pouco, e assim por diante.
Mas não é só manutenção da base que torna esse início de trabalho um espelho alemão, e declarações de Dunga nas entrevistas que concedeu desde que assumiu, no fim de julho, mostram isso.
Na coletiva do anúncio de sua primeira lista, Dunga explicou que não limitaria a idade de jogadores a serem chamados – explicação por ter incluído Maicon, que em 2018 terá quase 37 anos.
“Veja a Alemanha, que levou o Klose e o Lahn, jogadores com idade avançada, para a Copa. Não podemos descartar jogador por causa de idade”, disse o treinador.
Por isso que mudou o plano inicial da CBF, de criar uma cota de seis a oito jogadores jovens, de 20 e 21 anos, com idade olímpica, que seriam chamados em toda convocação do time principal. Dunga pediu liberdade para chamar quem quiser, principalmente atletas mais experientes, e agora a seleção olímpica terá uma agenda paralela ao time principal nas datas Fifa.
A Alemanha também inspira Dunga na formação tática de seu time neste início de trabalho. Com falta de centroavantes de qualidade no futebol brasileiro, Dunga deve escalar o time sem uma referência no ataque, com atletas com maior mobilidade.
“A Alemanha jogou assim em parte da Copa, com o Müller mais adiantando. Temos que pensar em alternativas, podemos jogar com um 9 característico, ou sem esse jogador. Temos jogadores para fazer os dois”, disse o treinador.
Sua lista também traz meio-campistas mais habilidosos do que marcadores. O único volante “brigador” chamado foi Luiz Gustavo.
Como escreveu o colunista da Folha Tostão, Everton Ribeiro e Ricardo Goulart, a dupla do Cruzeiro convocada, pode jogar (guardadas, claro, as devidas características técnicas) taticamente igual a Özil e Müller.
Mais uma característica alemã no time do Brasil.